Bombou no g1: Árvore que apita ao ser avaliada pelo detector de metais pode esconder corrente da escravidão

Detector de metais identifica possível corrente da escravidão dentro de árvore centenária Neste final de 2025, o g1 Sul de Minas relembra histórias curiosa...

Bombou no g1: Árvore que apita ao ser avaliada pelo detector de metais pode esconder corrente da escravidão
Bombou no g1: Árvore que apita ao ser avaliada pelo detector de metais pode esconder corrente da escravidão (Foto: Reprodução)

Detector de metais identifica possível corrente da escravidão dentro de árvore centenária Neste final de 2025, o g1 Sul de Minas relembra histórias curiosas, personagens marcantes e casos virais que marcaram o ano. Uma dessas reportagens tem a cara de Minas Gerais e junta história centenária do estado e os "causos" que são passados de geração a geração das famílias e municípios. 📲 Siga a página do g1 Sul de Minas no Instagram O vídeo que mostra uma árvore apitando quando é avaliada por um detector de metais postado pelo g1, chamou a atenção e teve quase 3 milhões de visualizações. 🗓️ Esta reportagem foi originalmente publicada em outubro de 2025 A árvore, fica em um sítio no município de Cabo Verde e pesquisadores da Unicamp e da Universidade Federal de Alfenas (Unifal) acreditam que ela possa esconder uma corrente usada para prender escravos (veja vídeo acima). Paineira centenária em cafezal de Cabo Verde (MG) apita quando avaliada por detector de metal e pode guardar uma corrente usada na época da escravidão dentro dela Coletivo Memora Os pesquisadores chegaram até a árvore seguindo relatos antigos que indicavam que o local era usado para castigo e venda de pessoas escravizadas. A propriedade onde está a árvore pertence à família de Daniel Paiva Batista desde 1930 e fica na zona rural. No local, há um casarão de 1935 que foi reformado para abrigar uma área de lazer. Batista conta que desde a adolescência escutava do tio e do avô a história da árvore que escondia um pedaço da história escravocrata da região. Segundo seus parentes, a árvore centenária ficava à beira de uma estrada e seria um ponto de punição e venda de escravizados "folgados". “Antigamente, quando comprava os escravos e tinha dois ou três, por exemplo, em um lote de 20, que não era bom de serviço, eles amarravam com corrente nessa paineira e quem passava por perto comprava mais barato, se quisesse”, narra. "Eles ficavam amarrados ali. A corrente era amarrada em volta do tronco. Aí conforme a árvore cresceu, a corrente ficou apertando até ser escondida dentro dela." Pesquisa traz indícios de que 'lenda' pode ser real Paineira centenária em cafezal de Cabo Verde (MG) apita quando avaliada por detector de metal Coletivo Memora Quando os pesquisadores, que fazem parte do coletivo Memora, passaram o detector de metais pela árvore, o equipamento apitava em um ponto específico do tronco, indicando a presença de metal. A hipótese é que a alta paineira, que hoje tem um tronco de 3 metros de diâmetro, teria "engolido" a corrente durante o seu crescimento. “A gente não sabe, pode ser que seja um prego, pode ser que seja qualquer coisa, mas acho que essa marca oral de histórias que são repassadas de um período do escravismo é muito significativo", diz a cientista social e doutoranda da Unicamp, Lidia Maria Reis Torres, uma das responsáveis pela avaliação da paineira. De acordo com a explica a bióloga Luciana Botezelli, professora do Instituto de Ciência e Tecnologia do campus de Poços de Caldas da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), é comum árvores incorporarem objetos que se tornam obstáculos no caminho do seu crescimento natural. “Muitas vezes, quando há o crescimento do tronco, se a árvore vai ficando muito apertada pelo material, ela passa a criar uma estrutura de envolvimento daquilo que está incomodando e retendo o crescimento dela.” Os pesquisadores, agora, estudam maneiras de investigar mais a árvore para descobrir o que tem dentro dela, mas sem ter que abri-la. "A gente não deve tirar o artefato porque a árvore da maneira como está passa a ser um espaço de memória de Cabo Verde. Se tirar o artefato de lá, ela se torna só uma árvore e o artefato se torna só um objeto", afirma o pesquisador da Unifal e professor de História Luís Eduardo Oliveira. Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas